COMO RESPOSTAS ENCOBERTAS DO PSICOTERAPEUTA PODEM DIFICULTAR OU AUXILIAR NA CONDUÇÃO DO CASO CLÍNICO
DOI:
https://doi.org/10.31505/rbtcc.v27i1.1995Palavras-chave:
Reperório psicoterapico, comportamento incoberto, manejo clínico, terapia comportamentalResumo
Deve-se considerar os sentimentos e pensamentos que os clientes evocam nos psicoterapeutas durante a sessão? O objetivo desse texto é de elucidar a utilidade da observação das respostas encobertas do psicoterapeuta. Trata-se de um artigo didático conceitual, com base na literatura pertinente e na experiência clínica. Três formas de usar os encobertas são propostas e ilustradas. Os sentimentos e pensamentos que os clientes eliciam e evocam no psicoterapeuta podem esclarecer dificuldades interpessoais e sociais do cliente. A compreensão das variáveis de controle desse responder do psicoterapeuta pode auxiliar na tomada de decisões que guiam o tratamento. Os encobertos do psicoterapeuta também podem alertar para dificuldades que prejudicam o manejo do caso e cuja superação pode permitir novas direções de intervenção. Finalmente, expor seus sentimentos ao cliente pode ser benéfico para o processo terapêutico. Trabalhar com seus eventos encobertos pode ser um desafio ao psicoterapeuta, exigindo tanto repertório discriminativo sob controle de regras (compreensão teórica) quanto selecionado por consequências naturais (resultando de treino vivencial).
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